Plantabilidade de Grãos

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Publicado em 16/07/2023 às 20h40, por: Coplana

Entende-se por semeadura a operação de implantação de culturas que utilizam sementes como órgãos de propagação. Desta forma, as máquinas que realizam a semeadura de culturas cujas sementes são graúdas (milho, soja e amendoim, entre outras), dosando-as adequadamente de acordo com as recomendações agronômicas, são denominadas de semeadoras de precisão. Estas máquinas são classificadas de acordo com sua finalidade: quando se destinam a dosar e depositar sementes no solo são denominadas semeadoras; quando dosam e distribuem sementes e fertilizantes são chamadas semeadoras-adubadoras, possuindo, normalmente, as unidades de semeadura e de adubação conjugadas.

Pode-se dizer que os fatores mais importantes que garantem a qualidade de semeadura são a correta regulagem da semeadora-adubadora e a habilidade do operador. Os procedimentos de regulagem vão desde a seleção da máquina, com seus respectivos mecanismos de dosagem, distribuição de sementes e adubo, corte e abertura de sulco, até os ajustes em campo da profundidade, cobertura e compactação do solo sobre as sementes. Por outro lado, é importante que o operador trabalhe com velocidade adequada e uniforme, mantenha o espaçamento adequado entre linhas e esteja atento a qualquer irregularidade. É sempre recomendável a familiarização do operador com o equipamento mediante leitura e uso do manual de instruções do fabricante.

De maneira geral, qualidade de semeadura é o resultado da correta distribuição de sementes e fertilizantes (em termos de distribuição na linha e em profundidade), do estande adequado, da não ocorrência de danos mecânicos às sementes, das condições adequadas de cobertura e compactação do solo sobre as sementes.

Desta forma, o potencial de produtividade de uma lavoura é definido no momento da semeadura, e uma boa plantabilidade aliada ao uso de sementes de qualidade pode garantir condições para a obtenção de alta produtividade. Mas, o que vem a ser plantabilidade?

A plantabilidade refere-se à deposição de sementes de maneira correta pela máquina, garantindo uma disposição longitudinal adequada, com os espaçamentos entre sementes e linhas o mais homogêneo possível. Pode-se, portanto, definir plantabilidade como sendo a quantidade de sementes com espaçamento e profundidade corretos, ou seja, refere-se à uniformidade de distribuição de sementes.

A ocorrência de plantas duplas na linha de semeadura pode provocar o desenvolvimento de plantas de maior porte, com menos ramificações, produção individual reduzida e de menor diâmetro de caule, além de problemas com enraizamento, levando à maior propensão ao acamamento.

Por outro lado, a ocorrência de falhas na linha de semeadura facilita o desenvolvimento de plantas daninhas, proporcionando o estabelecimento de plantas de menor porte, maior diâmetro de caule, com mais ramificações e maior produção individual.

Descreveremos na sequência, de forma resumida, as principais observações quanto às regulagens de semeadoras-adubadoras de precisão

a) NIVELAMENTO: a semeadora-adubadora deve estar sempre nivelada, e o nivelamento deve ser feito nos planos transversal e longitudinal da máquina, assegurando-se de que todos os sulcadores operem nas profundidades desejadas.

b) ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS: quando houver necessidade de variar o espaçamento entre linhas ou unidades de semeadura, deve-se marcar esta posição dos na barra porta-ferramentas, tomando-se como referência o centro da máquina.

c) REGULAGEM DE FERTILIZANTES: geralmente as semeadoras-adubadoras fornecem tabelas com dosagens em função das variações de engrenagens e espaçamentos entre as unidades de semeadura, mas, no entanto, em função da variação de granulometria e higroscopicidade (capacidade de absorver água) do fertilizante, as tabelas são indicativas, necessitando-se de uma confirmação desta regulagem. É desejável proceder à conversão da recomendação em kg ha-1 para gramas por metro percorrido pela máquina, coletar e pesar individualmente o fertilizante em todas as linhas de semeadura em uma distância de 30 metros, comparar com a dosagem recomendada. Se houver grande variação entre a dosagem obtida e a desejada, deve-se realizar os procedimentos de troca de engrenagens e/ou abertura/fechamento de orifícios ou passos de helicóide (dependendo do mecanismo dosador), até obter-se uma variação mínima.

d) REGULAGEM DE SEMENTES: recomenda-se converter a dosagem desejada de sementes ha-1 para número de sementes por metro de linha semeada, coletar e contar individualmente as sementes coletadas em 10 voltas. Por exemplo, do rodado motriz (ou em uma distância de 30 metros), comparar as sementes obtidas com a desejada e fazer os ajustes necessários (incluindo troca de engrenagens e de discos, ajustes de pressão de ar, de posição de dispositivos ejetores/controladores da passagem de sementes) até a obtenção da quantidade de sementes recomendada. Sugere-se calcular a quantidade adicional de sementes em função do poder germinativo e da pureza do lote de sementes, de uma estimativa de índice de sobrevivência de plantas (percentual de plantas que emergem e atingem a maturação) e do índice de deslizamento dos rodados motrizes das semeadoras.

e) PROFUNDIDADE: a profundidade de deposição das sementes deve ser verificada no campo com a máquina em operação, pois a deformação do solo com a roda compactadora pode alterar regulagens prévias. Quanto menor a profundidade (mais rasa a semente), maior a possibilidade das sementes ficarem expostas aos estresses climáticos. Por outro lado, semeaduras muito profundas dificultam a emergência do grão, não sendo interessante. Para esse processo, é importante levar em consideração a textura do solo, a cultura a ser semeada e o fato de que o limitador de profundidade esteja devidamente regulado, acompanhando o relevo do solo e mantendo a profundidade correta e uniforme de acordo com o desejado.

f) COMPACTAÇÃO: as rodas de sustentação devem ser montadas de acordo com o espaçamento entre as linhas de semeadura, de forma a não compactar as linhas semeadas, e deve-se observar a pressão de inflação atendendo às recomendações do fabricante da semeadora-adubadora ou do pneu. Quando se utilizam rodas compactadoras duplas, é necessário regular o espaçamento entre as rodas e seu ângulo com a direção de deslocamento. O espaçamento entre as rodas deve ser o mínimo necessário para permitir uma pequena faixa não compactada sobre as sementes devendo, no entanto, proporcionar uma compactação em ambos os lados da linha semeada. O ângulo com relação à direção de deslocamento interfere na quantidade de solo que retorna ao sulco, sendo que quanto maior o ângulo, maior a quantidade de solo sobre as sementes, ao passo que, quando as rodas estiverem paralelas à direção de deslocamento, não proporcionem retorno do solo ao sulco, apenas façam a compactação do solo que já se encontra sobre as sementes.

g) VELOCIDADE: respeitar faixas de velocidade recomendadas para a operação de semeadura, pois principalmente em dosadores mecânicos, a velocidade interfere na distribuição das sementes e na ocorrência de danos. Como regra geral, a definição da velocidade de semeadura deve considerar principalmente o tipo de semente e o tipo de mecanismo dosador utilizado, sendo que para dosadores mecânicos, a velocidade de semeadura para a maioria das espécies deve ser de aproximadamente 5 km h-1, enquanto que para dosadores pneumáticos a velocidade pode atingir valores próximos a 8 km h-1. Excessos de velocidade sempre proporcionam a ocorrência de falhas na semeadura ou ainda a ocorrência de queda de múltiplas sementes na linha de semeadura. A velocidade ideal de semeadura pode ser considerada como aquela em que se obtém o melhor desempenho do conjunto trator + semeadora atrelado a maior qualidade possível na distribuição das sementes, com espaçamento equidistante e profundidade correta.

h) TRATAMENTO DE SEMENTES E USO DE GRAFITE: o tratamento de sementes com produtos que protegem a semente contra o ataque de patógenos altera as características superficiais das sementes, aumentando o atrito e prejudicando a sua movimentação no interior da semeadora. Já o grafite atua como um lubrificante, reduzindo o atrito e melhorando o escoamento.

i) PRESSÃO DO VÁCUO: em semeadoras pneumáticas, a pressão do vácuo é de extrema importância para garantir a melhor distribuição das sementes. Geralmente em função do vácuo ocorre o preenchimento de cada alvéolo com uma semente, dificultando, dessa forma, as falhas. Quando se tem falhas, associa-se à falta de pressão no sistema, insuficiente para sugar a semente contra o disco, tendo a necessidade de aumentar a pressão do vácuo. Se começar a cair mais de uma semente no mesmo lugar, o vácuo está superdimensionado, sugando mais de uma semente, tendo a necessidade de diminuir o vácuo para não ocorrer sementes duplas, triplas. Embora as semeadoras pneumáticas permitam o uso do disco para uma variedade maior de tamanho de sementes, deve-se se atentar à mudança de sementes, cultivares, pois cada material apresenta formato, dimensões e massas diferentes. Tem uma necessidade de pressão de vácuo diferente, sendo fundamental realizar regulagens e calibrações para a melhor disposição das sementes, melhorando assim a plantabilidade.

j) PRESSÃO DA RODA MOTRIZ: a inflação correta dos pneus da roda motriz também é importante para um plantio de qualidade. Um pneu com inflação menor apresenta menor circunferência, tendo que girar mais vezes para percorrer a mesma distância de um pneu inflado normal. Consequentemente, o mecanismo de distribuição também trabalhará mais rapidamente, provocando maior quantidade de plantas. O oposto também é verdadeiro: pneus inflados além do necessário acarretam menor distribuição das sementes e menor população.

Para mais informações, entre em contato com os departamentos Técnico-Comercial de Insumos e de Tecnologia Agrícola e Inovação da Coplana (16) 3251-9304.

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